EPILEPSIA
Prof. Dr Moacir Alves Borges
Neurologia, CRM 21499
1. HISTÓRICO
A epilepsia é conhecida desde eras remotas, uma vez que foi referida no código de Hamurabi (1772 a.C.). Também foi retratada na pintura, “Transfiguração” de Rafael de Sanzio, (1483-1520) que dá imagem a narrativa de Mateus, capítulo 17, versículos 1 a 21. Trata-se de uma possível crise focal tipo tônica/postural.
2. DEFINIÇÕES/CONCEITOS
a) CRISE EPILÉPTICA
A crise epiléptica é um distúrbio da rede neuronal cerebral; córtico e subcortical.
b) EPILEPSIA COMO DOENÇA
É quando há ocorrência de mais de uma crise não provocada em espaço de 24h ou mais. Ou ainda na ocorrência de 1 crise e se repetir com chance acima de 66% de recorrência. Basicamente quando se é idoso ou tiver fortes evidências de lesões corticais, como sequela de acidente vascular cerebral, tumores, cisticercose etc.
3. EPIDEMIOLOGIA
a) INCIDÊNCIA, que é números de casos novos em 1 ano, é de 30 a 150/100.000hab/ano, sendo mais elevada em países em desenvolvimentos.
b) PREVALÊNCIA, que é o número de casos existente em um dado momento, varia entre 2 a 20/1000hab, maior nos países em desenvolvimento, isto é, por volta de 2% da população. São José do Rio Preto é 1,6%
4. DIAGNÓSTICO DA EPILEPSIA
O diagnóstico de epilepsia é essencialmente clínico, onde inicialmente, colhe-se minuciosamente a história contada pelo paciente, dando-se ênfase ao que é percebido antes, durante e após a crise. Em seguida colhe-se a história do acompanhante, se possível que tenha presenciado a crise.
5. TIPOS DAS EPILEPSIAS
a) Epilepsia com crises de inícios focais;
b) Epilepsia com inícios generalizadas;
c) Epilepsia com crises com início focal e generalizada combinadas; d) Epilepsia com crises com início desconhecida.
6. ETIOLOGIAS:
Para se fazer o diagnóstico etiológico que está causando as crises epiléptica é importante recorrer aos exames complementares como os de imagens (RM, TC) e também o eletroencefalograma.
a) As etiologias são:
ESTRUTURAL, como os acidentes vasculares, tumorais, traumatismo crânio encefálicos etc.
GENÉTICA quando a epilepsia genética que o resultado direto de uma mutação genética conhecida ou presumida na qual as crises epilépticas constituem o sintoma central da doença, como epilepsia neonatal benigna familiar, que tem mutações em um dos genes do canal de potássio, KCNQ2 ou KCNQ3: epilepsia mioclônica juvenil: síndrome de Dravet ou canalopatia (SCN1A ), epilepsia genética com crises febris Plus (GEFS+) etc.
ETIOLOGIAS INFECCIOSAS que são muito frequentes em países em desenvolvimento, como a meningite ou a encefalite, neuro-cisticercose, tuberculose, blatomicose, toxoplasmose, HIV PAN-ESA de von Bogaert, congênita como a Sífilis e a Zika etc.
ETIOLOGIA METABÓLICA: quando é resultado direto de um distúrbio metabólico conhecido ou presumido no qual o sintoma central do distúrbio são as crises epilepsia, como porfiria uremia, amino-acidopatias, crises por dependência de piridoxina etc.
ETIOLOGIA IMUNE como Encefalite anti-receptor NMDA, encefalite anti-LGI1, Encefalite límbica etc. Por fim, as de causa desconhecida, que chega a ser de até 60%: Aqui é importante salientar a epilepsia que pode ter mais de uma causa diagnóstica, como esclerose tuberosa que é doença hereditária autossômica dominante e cujos púberes no encéfalo causa lesão estrutural.
7. TRATAMENTO
O tratamento é com medicamentos já consagrados no mercado e que resolve praticamente 2/3 dos casos e 1/3 continua com crises parcialmente controladas e infelizmente 3% dos casos não tem controle medicamentoso. Nesses casos pode-se tentar o uso da dieta cetogênica, ou da estimulação vagal e mesmo cirurgia em alguns casos, principalmente nas epilepsias de lobo temporal. Ultimamente o canabidiol nos caso de crises muito rebeldes e com deficiência mental (síndrome de Lennos-gastaut) tem tido benefícios.
8. AMORDAGEM NO MOMENTO DA CRISE
O que fazer em caso de crise? Pouca coisa, mas precisa estar atento com o tempo de duração da crise. Quando um familiar vê as primeiras crises 5 minutos se transformam em eternidade. Em seguida, evitar que o paciente se machuque, afastando objetos na proximidade e vire a cabeça para um dos lados para se evitar aspirar secreção. Não precisa se preocupar com a língua do paciente, nem pôr coisas nas boca do paciente. Caso a crise dure mais que cinco minutos precisa acional o SAMU, porque, ultrapassado esse tempo pode causar danos cerebral se não for tratado com medicamentos antiepilépticos endovenosos.
9. SÃO FATORES QUE DIMINUEM O LIMIAR DAS CRISES EPILÉPTICAS, FACILITANDO A SUA OCORRÊNCIA, COMO:
Estresse e emoção intensa; privação de sono ansiedade excessiva; infecção; menstruação; falta de alimentação e desidratação; foto-estimulação; alguns medicamentos; retirada de medicações (álcool, fenobarbital); febre alta (crianças).
10. PODE-SE TRABALHAR?
Esses dados são pessoais, embora não publicados, confirma que por volta de apenas 4% das pessoas com epilepsia não têm condições de trabalhar, necessitando então do auxílio/doença da Previdência Social, mas que infelizmente até a atualidade não há lei explicitando essa necessidade, obrigando a se recorrer judicialmente, embora nem sempre contemplado. Por outro lado, 26,6% das pessoas estudadas na cidade de São José do Rio Preto (2018) a epilepsia não trouxe impacto na sua capacidade laboral, isto é de trabalhar.
POSSO AMAMENTAR? Sim, mas consulte seu médico antes.